domingo, 23 de abril de 2017

o Menina baiana - claquete 19

CENA: Cientista

O MENINA: Uma coisa parece que tapa a outra. Recebi de mim mesma Eu me desfiz de tudo depois de começar a ler a náusea. Mentira. Não me desfiz de tudo. Me desfiz dos livros. Assim como Raquel de Queiroz queimou meu couro debaixo do sol. Mas Raquel foi indicação da escola, Sartre não, foi coisa da minha cabeça mesmo. O esboço eu li primeiro. Entendi nada. Nada não existe. Temos a ciência pra explicar isso. A minha vem assim: a gente se dirige à morte e esse caminho vive oscilando densidades, saímos de áreas menos densas em direção às mais densas, atravessando-as.  A densidade é tão baixa, tão baixa que às vezes parece um vácuo. Pode ser. Meus vácuos  comunicantes! [gargalha e seu corpo se contrai] Me comunicou até a náusea. Passei mal passando as folhas. Nada não existe. De nada adiantou. Foi um duto até o existencialista ateu. Foi um duto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)