quarta-feira, 19 de abril de 2017

Menina baiana - claquete 10

CENA: Feminicídio

MENINA BAIANA: Não existiu um homem sequer a continuar vivendo comigo uma paixão. Acho que não me "aguentam". Mas ninguém aguenta ninguém, alguém ama alguém.

O EXISTENCIALISTA ATEU: Não sei...

MENINA BAIANA: Estou falando de mim.

[Com o celular nas mãos]

Estão agora dizendo que isso "não pode"

[Ri, debochando]

O homem pegar na cabeça pra enfiar mais a boca.

O EXISTENCIALISTA ATEU: Pode se quiser.

MENINA BAIANA: Daqui a pouco vão falar dos tapinhas... Se essa moda pega, pode ter certeza, vai ter muita gente morrendo fazendo sexo com robô. Claro que pode se quiser. Mas estão falando mal disso nesses discursos que se dizem feministas.Tem medida pra tudo pra quem quiser fazer o que quiser nessa hora... Nessa hora gostosa... Aff!

[Pausa]

Pegar com força será "não pode".

[Ri]

Atar será "não pode"...

[Exibe a tela do celular]

Essa sou eu podendo nada.

[Gargalha. Volta a tela do celular pra si e depois exibe a tela]

E essa aqui sou eu quando tava podendo...

[Gargalha]

Veja! Ai ai ai ...

[Pausa e respira fundo, sorrindo]

Quando eu morrer pode dizer: "ela era muito exagerada!" Pode dizer enquanto viva também​. E diga, com toda a convicção: "ela se apaixonou por mim e dizia que me amava" também​.

[Deita e descansa o celular no peito]

Minha libberdade ainda me conduz a estar aqui falando com você​. Me diga, liberdade tem a ver com esperança? Ou não existe esperança em liberdade?

[O existencialista ateu está ocupado]

Hoje tá foda... Foda e vazio.


"Me diz, onde é que eu vou achar alguém pra me entender assim?" (Ananda Góes)

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