domingo, 23 de abril de 2017

o Menina baiana - claquete 18

CENA: Com bomba no peito

O MENINA: Muitos anos no divã, a coisa vira um hábito. Mesmo longe dele, um hábito. Hábito de entrar muito na coisa e ficar entrando, é um grande labirinto fuçar o inconsciente.  Por isso eu entendo quando ele diz "deixe a psicanalista". Entendo e me rasgo toda. Ele disse que é assim mesmo. Não só ele. Mas foi ele quem me disse: deixe. Deixe ela ir. Talvez ele tenha dito com isso: deixe ela ir e venha. Mas não foi bem assim. Deixe ela ir e vá. Como se eu já não tivesse indo. Olhe eu aqui, sentada nessa sala. Vê. Eu achando que sou. Nada. Só. A minha pesquisa. Vou cantar dia 26 de maio. Eu criei o Bombambulante há um ano, depois de passar treze criando o hábito de deitar, falar, associar livremente. Hoje tive vontade de me desfazer desse nome. Sinto ele bem no meio do meu peito... Se eu fosse filha de puta em Calcutá, estaria na linha.

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