CENA: Àquela
[Riscando com giz o chão]
O MENINA BAIANA: Melhor que orar é cantar. Como cristais a morte se materializa. Vai mostrando a cara. Isso acontece no diálogo com o silêncio. Receber o telefone na cara também cristaliza. Agora chega! [levanta impetuosa e vai saindo de cena enquanto fala]Ave Maria! Eu vou cantar!
[Volta rapidamente com um pano (de chão) nas mãos. Ajoelha, limpando o chão enquanto canta Ilê de Luz]
O que é que faz alguém imaginar uma música na voz de outrem? Ele pediu essa, imagina! " Me diz que sou ridículo mas no fundo tu me achas lindo. " ou então: " você me quer, você me quer?" Eu te quero como uma nuvem carregada de chuva. Aquele tipo de nuvem que quando vem é dizendo que está chegando. Eu te quero assim. E quando um raio e seu trovão se mostrarem, pode chover em mim, na minha origem. Me enxarque toda [torce o pano de chão mirando a boca e sorri]. Eu gosto mesmo é de carnaval... no meu juízo, no seu juízo...
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