terça-feira, 11 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 152

CENA: Marinheiro só


O MENINA BAIANA: Tristeza na música trabalha a favor da obra. Fazer queixa na rede de que a arte é vista mas não traz dinheiro é o que eu chamo de desperdiçar palavras. Eu sou marinheira. Todos eles vão... Meus dedos estão sem controle. Eu não vou tomar nada. Já já passa. Sim. É um ciclo como todo vírus. Só não vai sair de mim, infelizmente. Deveriam criar uma vacina logo. Pode ajudar a reduzir a manifestação. Sei lá. São só momentos, é só o presente. O resto é memória e alguma ilusão. A vida dá e tira, dá e tira. Há os melhores, claro! Sem prática não se faz um bom marinheiro! Fico pensando, será que marinheiro chora quando se despede de cada porto? Talvez chore o mesmo choro de despedida em outro lugar e o que sente não passa de repetição. O corpo precisa ser narcisado pra continuar. Entendi quando escutei várias vezes "você é o meu alento". Sou incapaz pra eles. Mesmo me declarando capaz. Vou tratar de cantar. Eu me declarei capaz. Estão me dando licença pra eu passar bem cantando. A minha sorte tem sido a mais difícil de encontrar dentro, toda dentro. Minha sorte é que eu pedi um e vieram dois. Eles me convenceram de que eu estarei sempre acompanhada. Sinto o amor nesse nosso entendimento, uma alavanca fazendo seus primeiros ruídos de engrenagem.

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