sábado, 12 de agosto de 2017

o Menina baiana - claquete 197

CENA: Domina, domina


O MENINA BAIANA: Pode ser um triste fim. Pode ser a mania também. O bipolar é um suicida em potencial. Alguém pode falar de mim depois da mania? Eu não entendi como é comer a carne humana, morder, e deixar marcas nos ossos em zig zag, marcas com ferramentas. Muitos mil anos atrás. E muitas marcas em zig zag ainda são feitas. Eu estou com as minhas e olho pra elas e não tenho como mostrar. Com certeza eles gritaram muito porque gritaram a vida inteira. Com certeza eu escutei os gritos quando minhas bainhas de mielina amadureceram. E por mais um ano, dois anos, a vida inteira. Agora bom dia e emojis não reparam. Agora, olhe, veja, sou um feto. Um feto cansado. Natimorto. Assim nasci pedindo vozes. Ando pedindo vozes pra viver. Isso não é coisa que se peça. Canibais têm dentes e ferramentas pra marcar zig zag. O meu nome tem mar, ele me chama todo dia, mesmo sabendo que não sei nadar. Jonker resolveu-se no mar. Eu não sei o que Valente fez quando se resolveu. Talvez eu tenha sonhado com você essa noite pra me sentir melhor. Talvez aquecer a minha mão no bolso da sua calça, receber o seu seu sorriso e o seu olhar enquanto faço um caminho qualquer guarde um pouco do que resta.

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