sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Uma porta entreaberta

Eu fiquei lá por uma semana. Trabalhando. Olhando no olho dele e observando seus movimentos. Um muro e um portão nos separávamos. Ele não permitia que eu me aproximasse, com seus dentes me dizia pra não chegar perto. Ao menos me dizia com seus dentes. Têm os que ficam em silêncio. Não suportam a minha insistência em chegar perto. Eu mostro meus dentes também. Sou assim, igual a ele. Foi o que o fiz enxergar durante todos os dias da semana. Até que entrei e nossos corpos se tocaram.
Ele quis que eu fosse dele, de modo que o seu companheiro no espaço passou a ser impedido de aproximar-se de mim. Minha mão não podia tocar o seu companheiro unicamente. Os dentes eram exibidos, uma violência anunciada. Eu passei a usar uma mão pra cada um. Aquilo me deixou confusa e cansada.

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