terça-feira, 13 de junho de 2017

o Menina baiana - claquete 104

CENA: Pernas pro ar

O MENINA BAIANA: Eu não sei o que acontece, suspeito dessa coisa de entrar, deitar, levantar e sair por tantos anos. Me lambuzando por tanto tempo e agora é um vício, eu não páro. As coisas que a televisão me trouxe ontem eu fico trabalhando incessantemente na minha cabeça.  Foi um atrás do outro. Por isso que prefiro meus livros. Impressiona devagar, quando impressiona. Ela disse que escolheu errado em não ser amiguinha dele e entendeu isso quando ele morreu. Ela disse que poderia ter sido amante dele. Se ele quisesse. Eu também. Se ele quiser. Outra diz que casamento e sexo não se misturam. Eu gosto tanto dele, gosto tanto de mim quando estou com ele, mas a escolha é sempre uma morte do que não foi escolhido. Eu morri esses dias, por falta de crença, ele disse. É tudo muito sem limite, não estou só, tem sim alguém no mundo igual a mim, eu não sinto essas coisas porque estou sozinha, nenhum sentimento é de um só. Sentimento é sempre objetal. Vai, amor, deixa eu te dar carinho.

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