quinta-feira, 22 de junho de 2017

o Menina baiana - claquete 139

CENA: Lixeira

O MENINA BAIANA:  O plano era me sentir estrangeira e treinar o meu inglês. No caminho veio olhos de luzes e eu derreti. A coisa já estava chamando alguns novos baianos tem um tempo, só não sabia ainda o que, porque a pulsão vai avassaladora e destemida. Sabe que encontra, encontra e desvia pra viver. Meu fantasma é a megalomania ou o Alzheimer. Mentira. Eu sei o que estou fazendo com isso que tô indo buscar. Isso é viver aprendendo. Se wittigeinstein escreveu pedaços e depois juntaram, se colaram os pedaços de Ingrid Jonker, eu já tô colando os meus. Se todo dia é um dia e a gente é todo dia um nesse dia, se a minha voz todo dia é uma voz, são pedaços mesmo um livro quando ajuntam muitas palavras de existir. É viver a idade que tem, com fios de prata que tem pra tecer a rede. É enxergar com os próprios olhos. O frio, o calor, ninguém pode ver. Treinei o meu inglês.

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