quarta-feira, 3 de maio de 2017

o Menina baiana - claquete 41

CENA: O beijo 

O MENINA BAIANA: Eles sentem cheiro, jeito. Elas também. É tudo bicho, não tem jeito. Agora o cheiro sai pela minha boca que parece perfumar, porque eles olham com pupilas dilatadas pra ela na hora que eu abro com meus lábios pintados de batom vermelho e se aproximam, fecham os olhos e, se eu deixar, querem me beijar. E dizem "cante"... Eu me assusto muito. "Mas eu não tenho instrumento aqui, eu toco mal o meu violão"... Eles dizem "cante, só cante". Eu obedeço. Quando eu canto eu não sou dona de mim. É ela quem me tem. Eu deixo que me peguem por causa dela. Eu deixo que passem a mão nas minhas pernas, que toquem nos meus cabelos, que segurem a minha mão e digam que não conseguem soltar. Que se aproximem do meu rosto pra quase me beijar. Que me desejem visceral. Eles chegam pelo vento, eles vêm na minha voz, não em mim, não em mim.


"Lascívia dama, ela era só provocação, provocou tanto que o negão virou vulcão" (Mateus Aleluia)

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