quarta-feira, 24 de maio de 2017

o Menina baiana - claquete 79



O MENINA BAIANA: Minha santa Muerte, me faça ser ágil em girar botões assim como sou precisa em mirar a agulha e soltar no início da faixa certa seja lado a ou lado b. Me sintonize em uma nova frequência, porque meus ouvidos estão frouxos. Eu quero, minha santa Muerte, encontrar um jeito de não escutar o que minha memória fez com o que já escutei e fez meu corpo gozar. Eu quero parar de ver o que minha memória fez com o que já vi e fez meu corpo gozar. Minha santa Muerte, me traga novas memórias pra que meu corpo goze de outro jeito. Eu sou um bicho. Bicho só tem o real pra fazer contato. Eu sou tão bicho que ninguém suporta. Porque ninguém é suportável. Há vários níveis de tolerância, cada um tem o seu. Não é? [fala olhando pro umbigo]   E você? Tem se tolerado ? O outro que se evapora é o real. Mesmo que um dia na vida ele tenha dito que te queria morando com ele. A página mudou. De repente. De repente é o real invadindo quem não se tolera. Vira um código e vive sem entender, mas vive, com tanta besteira que já escutou, tanta besteira que já falou. Cantar não salva ninguém do real. Eu tô falando muita besteira por quê? Mundo de besteira. Gente besta. Bicho. Eu sou um bicho. Hoje estou satisfeita. Cantei até minha voz cansar. É tão bom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)