CENA: Quem guiou a cega
O MENINA BAIANA: Um dia eu quase morri afogada e antes quase deixei que ela morresse afogada. Fiquei assistindo a ela quase morrendo e quem me salvou veio de lá e salvou ela também. Os mais velhos sabem mais sobre a morte. Eu quase não sei. Já vi mortos. Já senti o cheiro de sangue derramado. Mas sei quase nada da morte, não mais que os mais velhos. Ela não cria cascas como a mágoa, parece que escancara a vida. Perplexiza com moderação a existência e toma nota de quem decidiu por uma existência robótica. Em algum momento paralisa. Um colapso existencial. Entre o ser ou não ser um robô, na saída do não ser um robô e na constatação de se ver um robô. Um quase robô, porque a inquieta plasticidade de ser fez o quase, sempre, e trouxe o colapso.
"fui eu o violado, rábula doutor, meu Deus!" (Mateus Aleluia)
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