quarta-feira, 17 de maio de 2017

o Menina baiana - claquete 61

CENA: Arte1

O MENINA BAIANA: O show vai acontecer ou eu não nasci na Fonte da Vovó lá nas sete portas. A arte é o encontro com o espiritual, eu sinto. São sinapses raras. Tô pensando em felicidade, mas isso tem a ver com infelicidade. Porque ninguém busca a espiritualidade porque tá feliz. Pode ficar agradecendo a Deus pelas graças alcançadas. As gracas alcançadas são sinapses raras. Tudo é desgraça mesmo. Infelicidade. Tô me sacudindo aqui. Vê? To nem aí. Minhas costas doem. O colchão não está mais me suportando. O colchão. Dei vida a um colchão. Viver é isso, dar vida ao que não tem vida. Ao que já está morto, eu digo, condenado à morte. Portanto, nem venha com prêmio. O sucesso é apenas alimento pra os invejosos, aqueles que quiseram minha carne fritada, aqueles que me endureceram dizendo que me queriam bem. Tanto bem. Acabei de ter notícias de Albert Camus. Uma vez comecei a ler O Estrangeiro, lá na minha sala de psicanálise. Hum! Sala de psicanálise! Metros quadrados de psicanálise! Dentro da minha cabeça nada de psicanálise. É para esquecer que ela é psicanálise. Eu amo Freud, ele nem sabe. Agora soube de Camus. O que é que eu soube de Camus? A peste,  homem revoltado, a morte feliz. Nada.

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