sexta-feira, 12 de maio de 2017

o Menina baiana - claquete 51

CENA: Qualquer coisa

O MENINA BAIANA: Não, não... Papo, Papinho, não! Sim, sim... Sinto abrandar a paixão. Vamos falar de amenidades, sobre sexo não. Se for uma pesquisa, sim. Um porno-pesquisa. Eu vou me virando pelo mundo faltante. Meu fone é bom, o técnico disse. Disse também que homem e mulher é tudo igual e que a quantidade de canais não quer dizer nada. É o recurso sonoro que a mesa traz que quer dizer. E diz. Enquanto vou-me dizendo. A minha barriga mexe nessa gestação inquieta. Às vezes doi muito e ninguém sabe o tamanho da dor, porque quem tem a dor é quem geme. Quem tem a fofoca que compartilhe. Quem tem parceiro que transe. Quem quer cantar que cante. Quem quer vir, diga que quer. Papinho, tô dispensando. Deixa que eu mesma me como. O que é um corpo? Uma forma imaginária, um mapa para agulhas e bisturis. Abri a porta. Tenho sede. 

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